Podcast com o Prof. Dr. Adílson Junior Ishihara Brito intitulado "Adesão do Pará à Independência: Memória e Ensino de História", na entrevista o professor apresenta sobre sua pesquisa que visa entender a relação da sociedade paraense com a data Magna do Pará que faz alusão ao dia 15 de Agosto, tomando o espaço escolar como ambiente de análise.


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7 comentários:

  1. Minha perspectiva como discente de História de uma universidade federal tem sido pautada, pela busca de uma maior conexão do conhecimento formal produzido na academia e seu distanciamento da Educação Básica. Esse novo comentário não pude deixar de pensar na problemática gerada pela pesquisa do professor doutor Adilson, em como a História hoje, tem sido relativizada pela sociedade Brasileira como um todo, provavelmente pela falta de incentivo do Estado e pela ausência de políticas de reconhecimento da identidade nacional em suas múltiplas faces e composições.
    Seria possível afirmar que uma das causas desse desconhecimento da população sobre a sua formação como parte de uma nação, de uma identidade local e nacional, possa estar relacionada a formação deficiente em um ensino encrudecido e linear?

    Gustavo Gomes de Medeiros

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    1. Gustavo, creio que você tocou num ponto fundamental, mas que tem sido bastante controverso na literatura que tem tratado do assunto, mas, e sobretudo, na realidade da formação de professores. Existe uma lógica binária ainda muito presente na formação universitária das licenciaturas, que tem separado a pesquisa acadêmica e a pesquisa no ensino de História. Isso aqui na minha Universidade é fato. A maioria dos professores do ensino superior entendem que existe uma subordinação do ensino em relação à pesquisa acadêmica, na qual esta última seria o lugar de produção do saber, enquanto a função do ensino seria a de publicizar esse saber. Daí decorre uma visão hierárquica que posiciona os pesquisadores da área do ensino como intelectuais de "segunda classe", pois não construiriam nenhum saber importante para o conhecimento histórico na sala de aula. O debate está posto. Compartilho da ideia de que o Ensino de História constitui um campo de pesquisa específico, mas ao mesmo tempo interrelacionado, em relação à historiografia profissional. No âmbito da sala de aula, professores e estudantes constroem outros sentido de presente e de passado, que também constituem possibilidades de pesquisa acadêmica.

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  2. O que é percebido no Estado do Pará com relação ao desconhecimento sobre a participação do Estado no processo de Independência do Brasil, é um fenômeno que infelizmente é notado em outros Estados assim como aqui em Brasilia. Estamos deixando a História Regional de lado, e passando a seguir uma linha muito enquadrada de ensino de História, que deixa de prezar pela formação de um conhecimento amplo sobre a formação do Brasil.
    Seria o momento, de reflertimos sobre a presença de outras disciplinas dentro do Curso de História no Ensino Superior, afim de dar maior espaço para o estudo da História local e de alguma maneira dialogar com a Educação Básica para que os alunos possam sair das escolas conhecendo sua própria origem e se vendo dentro desta narrativa?

    Gustavo Gomes de Medeiros

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  3. Indubitavelmente, creio que precisamos rediscutir os currículos das licenciaturas em História. Existe sim, a meu ver, uma defasagem entre o perfil de formação dos profissionais da Educação e as necessidades da Educação Básica. O resultado está aí: uma escola pública que não consegue fazer os estudantes refletir sobre o mundo em que vivem; sobre as experiências que constroem no seu cotidiano, nos lugares de suas vivências. Mas, não é somente isso. Também existe uma silenciosa e complexa conjuntura política bastante presente hoje na América Latina, que favorece um direcionamento aos currículos da Educação Básica para a formação técnica, segundo os ditames do mercado, protagonizado pelo que Marina Avelar e Stephen Ball denominaram de "nova filantropia". Essas fundações, ligadas aos grandes bancos e empresas transnacionais, têm atuado com grande sucesso na Europa e na América Latina, sobretudo através do lucrativo mercado do livro didático. De forma mais indireta, esses organismos têm também influenciado os governos a adotarem os índices de diagnóstico da qualidade da educação (o PISA, Provinha Brasil, IDEB, ENCCEJA, ENEM, etc,), cujas diretrizes muitas vezes sufocam possibilidades de abordarem da histórica regional e local nas salas de aula. São competências globais de formação básica e superior, que estão agindo como elementos corrosivos de construção de identidades nacionais. São os tempos de globalização do capitalismo e suas implicações na Educação.

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  4. Prezado Professor Dr. Adílson Junior Ishihara Brito, boa noite. Gostaria parabenizá-lo imensamente pela ótima explanação; realmente muito esclarecedora e que serviu para iluminar alguns pontos escurecidos. De imediato coloco a minha concordância plena com o senhor no que se refere a importância dos valores nacionais na prática do ensino de História. Sem sombra de dúvida os alunos precisam conhecer a identidade nacional, e é claro, dentro dos preceitos da democracia, da liberdade consciente e sem as discriminações regionais. O Brasil é um país continental, mas é uma nação que nasceu a partir de conceitos e ideais voltados para um bem comum que é a própria construção de uma nação consolidada. Para tanto, a difusão dessa didática, em sala de aula, do conhecimento de uma identidade nacional não é tão aceita ou não é tão bem colocada. Desta forma, o que o senhor poderia dizer, nesse momento atual, para um professor de História que queira trabalhar essa temática em suas aulas?

    Agradeço muito pela oportunidade.
    Paulo Roberto Abreu de Azevedo

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  5. Olá Paulo. Agradeço pela pergunta. Diria, para um professor iniciante, que precisamos reconstruir a nação brasileira que está na nossa Constituição Federal, na nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nos Parâmetros Curriculares Nacionais de História e, de forma mais tímida, na Base Nacional Comum Curricular: a Educação precisa reforçar o Estado Democrático de Direito; a pluralidade de posições políticas, culturas, devoções e de gênero. Precisamos, contudo, reforçar esses valores não mas a partir de uma ideologia construída para exaltar uma pátria abstrata, que serve a uns poucos em detrimento da maioria; mas necessitamos reconstruir uma identidade nacional a partir da realidade local; da vida prática em que todos vivemos. Penso que está aí o grande desafio da Educação brasileira, em geral, e do Ensino de História, em particular. Precisamos trabalhar incessantemente nessa compreensão de que a realidade local já apresenta uma pluralidade, que pode ser remetida para um país continental como o Brasil; precisamos fazer com que as crianças e os jovens sintam orgulho de viver numa país de diversdades e não quererem a uniformidade, que foi o grande projeto dos governos autoritários do passado (e que retorna em uma retórica desagradável e violenta, sob o controle de grupos neoconservadores). Precisamos, como professores, nos apropriarmos dos sómbolos nacionais (a língua, o território, a cultura, o hino e a história), para construirmos outros sentidos de presente e de passado que possam fazer os(as) alunos(as) se reconhecerem como parte de uma comunidade local, que está dentro de uma Nação que respeita essa especificidade. Para que isso aconteça, os(as) professores(as) de História precisam tomar para si esse objetivo, ou, como bem disse a filósofa Hannah Arendt, assumir a resonsabilidade de ensinar o mundo, e não somente conteúdos. Os processos de ensino-aprendizagem de História na Educação Básica precisam retomar uma educação significante, que possa refrçar a densidade democrática, dentro e fora da escola. Como isso não está acontecendo - por conta dessa forte tendência global de formação técnica e generalizante -, grupos radiciais, pouco informados e ligados a um imaginário profundo influenciado pela religiosidade, retomam um civismo acrítico, qe nada tem de relação com o cidadão crítico e consciente que queremos formar.

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  6. Excelente análise,professor Adilson brito.ministrei aulas sobre adesão do Pará,na disciplina de estudos amazônicos,mas sempre relacionado ao tema da cabanagem,que aliás,nos livros didaticos se resumiam a uma página. Saudações fraternas.

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